sábado, 22 de janeiro de 2011

To forget

O caminho do perdão não é linear. Por vezes perdoamos quem mais mal nos fez, outras vezes somos incapazes de perdoar coisas mais pequenas.... Não há regras, o coração encontra o seu caminho de cura ou as feridas continuam abertas. Hoje senti que te perdoei. E devia ter perdoado outras pessoas que sempre fizeram mais por mim. Tu raramente estiveste lá. Por ti, passei tempos em que a alma ficou presa em cordas. Nunca foste um amigo e quando o foste preferiste transformar-te noutra coisa qualquer, fútil e fugaz. Podia dizer-te que não o merecias, porque, de facto nunca fizeste nada por isso. Mas hoje o meu coração sorriu para ti. Sem marcas do passado. Leve.

Talvez o coração tenha aprendido o caminho. Para outros perdões. Tão mais merecidos.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Almost 30

Aproximam-se os 30 anos (ainda não é hoje, nem amanhã). E porque fazer um post no mesmo dia é um cliché, faço a revisão de 30 anos de vida um pouco antes. Trinta anos é muito tempo para se viver com alguém. E ainda assim dou por mim a achar que pouco me conheço. Fico com esta terrível sensação de que poderia ter feito mais, melhor, mais vezes. Sensação de que um terço, o melhor, já passou. Que passaram as noitadas de faculdade, os primeiros beijos. Os primeiros amores, os tempos sem rugas nos olhos. Passou a despreocupação, o não ter medo da morte dos que amamos. Como se tivesse saltado para o lado de lá, sem regresso. Sinto-me angustiada: a vida parece-me demasiado curta, rápida e demasiado preciosa para ser mal vivida...

(To love more. To feel more. To smile more and to forgive more. With no regrets. )

Nouvelle

Ontem fui ver Nouvelle ao Palau de la musica Catalana. Gosto de música que nos liberta a alma.

(Give me the words that tell me nothing)

In a matter of speaking
Nouvelle Vague

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

B.

A B. é loira, 31 anos, bonita. Olhos verdes, grandes, que preenchem uma sala e cativam quem a rodeia. indissociáveis de um sorriso fácil, sempre presente. Vive uma vida sem regras, intensa. Dorme pouco, bebe mais do que provavelmente devia. Viaja para Bali sozinha, de mochila às costas. Apaixona-se. Os olhos denunciam linhas precoces de uma vida bem vivida. A B. vê-nos chegar e partir. A outros, acompanha-os por um período mais longo. E pela sua vida passam pessoas. Olho-a, com um sorriso, com inveja da liberdade mas com a condescendência de quem não acredita que se pode ser sempre Peter Pan. No entanto, invejo-a. E sei que me compreende. Que a vida não tem de ser em linha recta com caminhos definidos. Que não tem de ser casa-filhos-trabalho com intervalos para férias.

Esta ideia, de uma vida assim, asfixia-a. Como também me sufoca a mim.


terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Best Friends in Barça


My Casio watch. My ipod. My computer.

CC

Acredito no direito da vida. Como absoluto. Por isso não me importa se tenha 65 anos e seduzido um homem de 21. Não me importa se não era boa pessoa (porque todos temos um lado negro). Que se defenda um assassino em praça pública com afirmações homofóbicas aflige-se e traz-me este sentimento de profunda agonia.

Notes

Esta cidade é para ser vivida como uma enorme paixão, mais do que como um grande amor.

sábado, 15 de janeiro de 2011

Saturday´s at Barcelona

Está um sol imenso. Que entra pelo quarto. Leggings pretas, t-shirt de algodão cinzento, hunters e um caso preto de malha + cachecol. Aqui vou eu. Que um pastel de nata me aguarda:)

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Hoje (2)

Hoje chamaram. Havia que discutir o caso com o anatomo-patologista que lhe fez a autópsia. Desci as escadas. Entrei pela sala, enorme, forrada a alumínio. E ali estava ele. De abdómen e tórax aberto, orgãos dispostos meticulosamente na bancada. O miocárdio afectado, o cérebro anóxico, edematoso, que levou à morte cerebral.

E enquanto se falava da clínica, dos aspectos dos orgãos, não conseguia deixar de o olhar. Quem nunca viu um corpo morto nunca poderá sentir a sensação. De que se encontra vazio de vida, tão diferente dos filmes. Em que se sente que a alma já lá não está. Mas nele, não pude deixar de rever os sonhos, as alegrias. As brincadeiras de um jovem que não teve tempo de crescer. Nele jazia a tristeza de quem chora uma perda que não se preenche.

Descansa em paz, com a certeza que fizemos tudo o que sabíamos.

V.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Hoje

Hoje sinto-me dormente. Digo muitas vezes que não transporto os meus doentes para casa comigo. Penso neles por vezes, mas procuro fazê-lo no melhor local, o de trabalho.

Mas hoje, trouxe um rapaz comigo. Veio de mão dada comigo no pensamento. Trouxe-o em peso no coração. Trouxe-o com a imagem dos pais.


Dizer a um pai que o seu filho de 23 anos não volta acordar é difícil. E ouvir uma menina a falar da vida que têm para começar, desfez-me a alma. Hoje.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

A propósito

Eu sei que disse que achava a Pandora a pior pulseira do mundo. Eu sei. Mas pulseira que além de feia se associa à infindável estupidez e burrice do seu utilizador , essa, só há uma: e está aqui.