quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

B.

A B. é loira, 31 anos, bonita. Olhos verdes, grandes, que preenchem uma sala e cativam quem a rodeia. indissociáveis de um sorriso fácil, sempre presente. Vive uma vida sem regras, intensa. Dorme pouco, bebe mais do que provavelmente devia. Viaja para Bali sozinha, de mochila às costas. Apaixona-se. Os olhos denunciam linhas precoces de uma vida bem vivida. A B. vê-nos chegar e partir. A outros, acompanha-os por um período mais longo. E pela sua vida passam pessoas. Olho-a, com um sorriso, com inveja da liberdade mas com a condescendência de quem não acredita que se pode ser sempre Peter Pan. No entanto, invejo-a. E sei que me compreende. Que a vida não tem de ser em linha recta com caminhos definidos. Que não tem de ser casa-filhos-trabalho com intervalos para férias.

Esta ideia, de uma vida assim, asfixia-a. Como também me sufoca a mim.


1 comentário:

Francisco disse...

Eu também não acho que tenhamos que seguir aquilo que a sociedade, cada vez mais doentia, nos impõe. É socialmente bem aceite aquele que fizer os 12 anos de escolaridade, que concorra ao ensino superior,para um curso que tenha saídas profissionais (é muito importante e vale pontos, na boca de quem muitas vezes, não sabe o que diz) e que arranje um bom emprego. De seguida, o pessoal começa a ficar irrequieto e já acham que com a vida encaminhada é preciso arranjar namorado/a, arranja o respectivo/a e ficam todos felizes. Passado uns anitos, é altura de casar, há que dar o passo em frente e eles lá casam. Ficam novamente todos felizes. Decorridos uns tempos, não faz sentido que um casal esteja sozinho, é quase impensável, portanto lá vem o filhote, que depois cresce e até dá uns chutos jeitosos na bola com o pai. Ficam todos maravilhados, mas não ainda completamente descansados. Porque uns anos mais à frente, o puto não pode crescer sem irmãos, fica traumatizado e mais não sei o quê, então os pais lá encomendam a garota, loura, de olhos azuis, com um cabelo todo xpto que até lhe dá para fazer uns totós e tudo!!
É isto que temos que fazer? E se eu não quiser?

Não gosto de amarras, eu farei o que quiser! E sim, eu sou um Peter Pan, por mim, não crescia mais. É tudo tão cinzento daqui para a frente, e agora este mundo ainda tem magia, muita magia.

Beijinhos Viviane.