Sr. Ladrão:

Vamos lá combinar o seguinte: se decidir aparecer por aqui é favor não fazer muito barulho. Tenho o sono leve, não tomo comprimidos e amanhã tenho de ir salvar vidas por isso faça o serviço em silêncio, pode ser? Já agora, não roube a jarra nº 413 da edição limitada da Fornasetti porque foi prenda do meu moço e temo que não o engane outra vez para comprar a 414. Já agora também não roube as almofadas. Só se for as do Leroy que estão dentro do guarda-vestidos e que ainda não sei onde as pôr. A televisão também não pode ir a lado nenhum. Sei que é uma Crown, que a marca não vale a ponta de um corno mas eu neste momento não tenho dinheiro nem para mandar cantar a cigana lá do parque de estacionamento do hospital, por isso tire daí o cavalinho. Se possível deixe as facas lá na gaveta ou alguém ainda se aleija e ambos sabemos que o senhor não gosta de ver sangue. Eu também não tenho muito jeito para suturas por isso vamos manter isto mais para o limpinho sim? A roubar, a roubar escolha o livro da Margarida Rebelo Pinto que me ofereceram no Natal de 2008 e que escondi na prateleira do fundo atrás do Harry Potter.

E pronto. É só isto. Tenho cá a impressão que ainda nos vamos dar bem.