domingo, 23 de maio de 2010

António Feio

Já há algum tempo que queria voltar a falar dele. Eles acabaram. Algum tempo depois da doença diagnosticada. Ela (ou ele,não sei) decidiu que não gostava mais dele. E ele tinha um cancro e era dos maus. Talvez os mais precipitados, dirão "Ah, agora que ele precisava mais, pimba!".

Muitas vezes disse que a nossa felicidade, o nosso eu, a nossa vida, tem de ser uma prioridade. "Ah é porque nunca viveste isto ou aquilo, porque não és mãe, que dizes isso". Não estou a falar da mulher que se atira à frente de um comboio para salvar o filho. Acho que isso tem tanto de irracional, de esperado, como de inevitável. O amor faz-nos isso. Faz-nos escolher a felicidade de outrém. O que falo é da coragem que esta mulher tem de ter para o deixar. E admiro-a. A ela, por se ter a si mesma, como um bem maior, a ele, por não estar disposto a abdicar da sua felicidade, dos seus dias de amor, da procura de algo que o complete mais e melhor.

Eu não sei da história. Não sei se foi por ela não conseguir viver com o sofrimento de o perder , se é ele que não está disposto a perder o seu precioso e pouco tempo a vê-la sofrer.

Gosto de acreditar que foi porque, mesmo em circunstâncias adversas, continuam a procurar melhor, mais felicidade e mais amor.

3 comentários:

Liliana Garcia disse...

Também gosto de acreditar que terminaram por não quererem permitir que a doença os tornasse em dois infelizes...

Lucky13 disse...

Eu escolho-me sempre a mim para ser feliz...mas eu sou egoísta!

Mysterious Girl disse...

Nunca tinha pensado nisso dessa forma, mas tem toda a lógica sim, e é de admirar a coragem que é precisa para enfrentar tudo isso.