sábado, 31 de julho de 2010

Gate 23


In "Dn Artes"
Reconheci-o à primeira. O corpo, alto, demasiado esguio, tornava a sua imagem inconfundível. No gate 23 do aeroporto, esperávamos a partida. Tímidas, as pessoas aproximavam-se para pêsames antecipados (mensagens de força? eternas lembranças, diárias, recorrentes, cansativas, de um fim de vida próximo?).
Caminhei com as últimas libras na mão para a máquina de Cadburys. De caramelo, pensei. Tão difíceis de encontrar... Lá estava ele, barafustado com ela, que lhe tinha ficado com a libra. "Vais levar um biqueiro não tarda nada". E rimo-nos. "Tente com esta", estendi-lhe a libra. "Vai lá ficar....", respondeu. "Pode ser que não". Enfiei a moeda, que empurrou a dele." "Eh,eh, agora ficou lá a tua".
E assim foi. Podia ter sido outra qualquer pessoa e não daria direito a um post, é certo. Mas não era qualquer pessoa. Por muito que a ignorância ofereça coragem, não posso deixar de sentir uma enorme inveja pela determinação.
Não era, certamente, uma qualquer pessoa.

2 comentários:

O meu reflexo disse...

Sem dúvida o mundo do espetaculo ficou mais pobre! Perdeu-se um grande comidiante, um agrande actor, um Homem determinado e corajoso.

fd disse...

Sim.