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domingo, 31 de outubro de 2010

29

Pela primeira vez deparo-me com uma mulher da minha idade (um mês mais nova, na realidade) deitada na marquesa, com um enfarte.

Senti um peso. O de uma estranha sensação de mortalidade....

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Just a Thought

Não sei viver " assim, assim". Os "assins, assins" provocam-me uma urticária tão grande como o pó da casa. Quando se vive com medo das quedas, nunca se atinge o cume das montanhas. Quem não tem muito a perder raramente ficou a ganhar....

(Há algo nesta vida que nos pede o coração. Inteiro. Só com a plenitude da entrega se atinge o desejado. E tudo o resto fica sempre aquém....)

terça-feira, 7 de setembro de 2010

A alguns

Se há coisa que a vida me ensinou é que não se pode agradar a gregos e troianos. Eu, sinceramente, prefiro agradar aos troianos. (Que de gregos confesso não ser grande fã.)
E esta máxima é transversal à nossa vida. Passa pelo nosso trabalho, pela nossa vida pessoal e pelos desconhecidos com quem nos cruzamos. De uns gostamos, é instintivo, sente-se na pele. De outros não. A uns perdoam-se os maiores erros e a outros não se perdoam as menores das falhas. De alguns temos o maior dos amores, de outros não reconquistamos a confiança, a amizade ou o amor.

E por isso, quando acordo, não é à toa que escolhi a máxima:

" You cant´please all the people all of the time. But you can please some of the people, some of
the time" .

(Para alguns, que nos merecem, tentarmos ser melhores, superando, em cada atitude, o que de nós é espectável).

domingo, 15 de agosto de 2010

Change

Ouvi dizer um dia que as pessoas não mudam. Que os vícios se entranham na pele e o máximo que conseguimos fazer é maquilhá-la. Considerei a frase fatalista. Os sempres e os nuncas deixam-me com a pulga atrás da orelha. (A vida tem esta dolorosa tarefa de nos ensinar o dom da individualidade. O não contar com os sempres e os nuncas dos outros.)

A desilusão é tão mais expectável quanto mais acreditarmos no fim dos defeitos e das mentiras. As pessoas não mudam o que são. Não traem a sua natureza. E podemos arriscar com o pleno conhecimento do outro ou viver, dia após dia, de olhos fechados.

sábado, 31 de julho de 2010

Gate 23


In "Dn Artes"
Reconheci-o à primeira. O corpo, alto, demasiado esguio, tornava a sua imagem inconfundível. No gate 23 do aeroporto, esperávamos a partida. Tímidas, as pessoas aproximavam-se para pêsames antecipados (mensagens de força? eternas lembranças, diárias, recorrentes, cansativas, de um fim de vida próximo?).
Caminhei com as últimas libras na mão para a máquina de Cadburys. De caramelo, pensei. Tão difíceis de encontrar... Lá estava ele, barafustado com ela, que lhe tinha ficado com a libra. "Vais levar um biqueiro não tarda nada". E rimo-nos. "Tente com esta", estendi-lhe a libra. "Vai lá ficar....", respondeu. "Pode ser que não". Enfiei a moeda, que empurrou a dele." "Eh,eh, agora ficou lá a tua".
E assim foi. Podia ter sido outra qualquer pessoa e não daria direito a um post, é certo. Mas não era qualquer pessoa. Por muito que a ignorância ofereça coragem, não posso deixar de sentir uma enorme inveja pela determinação.
Não era, certamente, uma qualquer pessoa.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Contracto de amor...

Hoje uma colega, enquanto comentávamos o casamento falhado alheio, disse, em tom (quase) purista: " o casamento é um contracto vitalício".

Senti um arrepio na espinha. "Mas o amor não é", pensei com os meus botões.

"Não", respondi. "É um contracto assinado até que deixe de fazer sentido a uma das partes, ou às duas."

Com um olhar reprovador (juro, franziu a sobrancelha), comentou: "Hum, o outro nunca tem hipótese de ter uma palavra, de lutar pela relação; é uma quebra de contracto injusta para uma das partes".

Um contracto em que alguém se compromete a fazer algo que não sabe ser possível, é já de início, um tiro no escuro. Um tiro que se faz de coração aberto, de livre vontade. E, como tal, não pode ser considerado injusto se, um dia, as condições que levaram ao " negócio" mudem....


(Não gosto de sentimentos de posse, pensei. Prefiro os de entrega...)

domingo, 23 de maio de 2010

António Feio

Já há algum tempo que queria voltar a falar dele. Eles acabaram. Algum tempo depois da doença diagnosticada. Ela (ou ele,não sei) decidiu que não gostava mais dele. E ele tinha um cancro e era dos maus. Talvez os mais precipitados, dirão "Ah, agora que ele precisava mais, pimba!".

Muitas vezes disse que a nossa felicidade, o nosso eu, a nossa vida, tem de ser uma prioridade. "Ah é porque nunca viveste isto ou aquilo, porque não és mãe, que dizes isso". Não estou a falar da mulher que se atira à frente de um comboio para salvar o filho. Acho que isso tem tanto de irracional, de esperado, como de inevitável. O amor faz-nos isso. Faz-nos escolher a felicidade de outrém. O que falo é da coragem que esta mulher tem de ter para o deixar. E admiro-a. A ela, por se ter a si mesma, como um bem maior, a ele, por não estar disposto a abdicar da sua felicidade, dos seus dias de amor, da procura de algo que o complete mais e melhor.

Eu não sei da história. Não sei se foi por ela não conseguir viver com o sofrimento de o perder , se é ele que não está disposto a perder o seu precioso e pouco tempo a vê-la sofrer.

Gosto de acreditar que foi porque, mesmo em circunstâncias adversas, continuam a procurar melhor, mais felicidade e mais amor.

domingo, 28 de fevereiro de 2010

Motherhood

Tive uma semana cheia. Nada de novo, tudo na mesma mas a vontade e o tempo de escrever ficaram para trás.

Hoje de manhã dou por mim a ouvir uma conversa que me deixou, no mínimo, pensativa. Uma mãe de um adolescente, em conversa com outra, referia o quanto sortudo era o seu filho pela namorada que arranjou. Ao que parece, o miúdo de 17 anos, bom aluno, que nunca se meteu em confusões, tinha um grupo de amigos com calças pelo rabo (meu Deus, coisa nunca vista). E que de vez em quando davam umas passas (outra coisa nunca vista e jamais feita pela mãe que ainda nos dias de hoje, cada vez que sai para jantar, chega a casa de gatas, após conduzir o seu Jaguar e o fazer roçar por todas as paredes da garagem com os filhos lá dentro). E desde há um ano arranjou uma namorada. E que "felizmente", segundo a mãe, não o deixa sair com os amigos, ir ao cinema e que quase já nem fala ao telefone com eles.Um adolescente que se recusa a viajar para o Egipto porque não poderia ficar ao telefone 3h com ela. E ela (a mãe), felicíssima com a coisa. "Ele pediu-lhe para ir ao cinema com o Henrique e ela disse logo -nem pensar"!

Eu, se fosse mãe, sentiria exactamente o oposto. Sentir-me-ia preocupada por ter um adolescente dependente que não se sabe portar como ser autónomo, que se auto-anula perante o amor. Que, em fase de crescimento interior, em que as bases que constroem um adulto seguro, independente e feliz são edificadas, começa a abdicar por terceiros das coisas que lhe são importantes.

Mas isso sou eu. E eu não sou mãe.