Voltei. E antes de aqui pôr aqui as fotos e falar da minha escapadela até à Queen´s city deixem-me falar de quem vinha no meu avião: António Feio.
Atormenta-me a facilidade com que as pessoas se transformam na doença que têm. Deixam de ser o José do talho, para passarem a ser o sr. coitadinho que tem um tumor do pulmão. E lamento que se tenha transformado este Homem na terrível neoplasia do pâncreas que transporta.
E talvez por isso tenhamos sorrido quando a máquina de chocolates não só nos ficou com os Cadbury´s como com uma libra a cada um. Talvez prefira um riso quando ameaça ter de dar um bico no raio da máquina a um olhar pesaroso ou a votos de força e boa sorte.
Há coisas que não precisam de ser ditas. Porque não são compreendidas por quem não as vive. Este Homem e a sua família estão no início de um caminho comprido de luta, de sofrimento e de muito amor. E tudo o que ele não precisa é de reviver esta dor, a cada instante, por cada desconhecido como um eco, incessante, constante, do seu próprio pensamento.
Raros e valiosos são os momentos em que a mente foge da doença. Como pequenas tréguas, pequenos raios de sol, em dias que se tornam exasperadamente cinzentos.
3 comentários:
Este Homem é um Senhor!!
Sempre o admirei como artista e agora admiro-o também como exemplo de inconformismo pela sua incessante luta por uma nova esperança!
Que grande verdade!!! Há silêncios e sorrisos tão mais quentes que qualquer palavra.
XinXin
O António Feio é um heroi.
Precisamos de pessoas como ele para aprendermos a dar valor a pequenas coisas.
Enviar um comentário