Feliz Natal para todos Vós 2

Afinal só vou embora amanhã. Como o belo do português que retorna à aldeia. Carro a transbordar, cheiro a bolo rei acabado de fazer que lá para aquelas bandas o padeiro só vem 3 vezes por semana e bolinhos nem vê-los. Casacos, mantas, prendas para a família, para o cachorro e o piriquito da vizinha. Ah pois, é. Vou começar a bater já os dentinhos para treinar, estilo estágio pré-época.

O caminho é longo, 400 km de estradas a tentar fugir à polícia. Antigamente ainda se faziam sinais de luzes, eu ficava delirante. Obrigava o meu pai, depois, a avisar todos os carros durante 10 km. Agora diz que já não se usa.

A casa é antiga, não tem aquecimento e os quartos são poucos para tantos. A árvore fica cheia de presentes até meio e o menino Jesus só volta a aparecer dia 26 porque entretanto ficou debaixo da travessa de pirex que ofereceram à avó. Casa de hereges. Ninguém vai à missa de manhã, excepto a avó. A última vez que fui tinha uns 10 anos e lembro-me que entrou lá um cão que foi expulso a pontapé. Depois, no alto da minha maturidade, disse que nunca mais lá punha os pés e assim foi. A minha avó resmunga e diz que vamos todos para o inferno. Eu digo que sim, para a arreliar. Que tenho lá lugar cativo para toda a época.

Estou um pouco verborreica, eu sei. Parece que andei nos speeds mas é só do 6º café. E de estar triste. Mas isso é habitual e normalmente dá-me mais para a depressão. Hoje não que afinal é Natal. Amanhã logo se pensa na vida e nos problemas. Que não passam porque simplesmente os meto na gaveta e espero que se auto-resolvam. Era esse o meu pedido de Natal na meia: ter mais coragem; ser melhor pessoa.