sábado, 6 de fevereiro de 2010

Sunrise


Vi-te de costas enquanto mexias na máquina do café. Pensei que te virarias e não saberia o que te dizer. Sei que o momento vai chegar, que trabalhamos no mesmo local e que o instante que não existiu ontem é inevitável.

Baixei a cabeça e passei por ti sem que, provavelmente, me visses. O frio que me cortou o coração fez-me remontar aos dias em que via televisão (MTV dummie shows) sentada na tua bola azul. Em que ríamos das coisas mais improváveis, em que uma garrafa partida ornamentava com a sua história o teu armário e paus de cerejas estavam colados entre fotos, no quadro de cortiça.

Passei por ti e segui por não saber o que te dizer. Sabendo que o silêncio construiu um abismo. Que as minhas e as tuas palavras vão ser cobertas de mágoa ou, pior de superficialidade de duas pessoas que vão fingir não terem partilhado demasiadas madrugadas e "nasceres"-do-sol.




1 comentário:

fd disse...

Infelizmente horrível. Infelizmente muito bem descrito.