domingo, 7 de março de 2010

A outra Avó


Fazes 92 anos. E 92 anos é toda uma história de um tamanho que me é difícil imaginar. Sei que, em vésperas do dia da mulher, és a mulher que eu gostava de ser. Sei que tens, em teu redor, toda uma família de estrutura matriarcal, que tiveste os homens em teu comando e no caminho a doçura e o amor daqueles que fazem e fizeram parte da tua vida.


Sei que invejo a força com que ainda guias as tuas horas, os teus braços, fortes, que lutaram em tantos dias e que noutros tantos me abraçaram no teu colo. Sei que bateste o pé, tantas vezes, teimosa como só as almas que fazem girar o mundo sabem ser.


Gostava de ter vivido mais desses 92 anos contigo, que me tivesses ensinado os poemas que escreveste e que ainda sabes de cor. Queria que as tuas mãos, que o sol tanto beijou, guiassem as minhas pelos caminhos que edificaste.


E que me ensinasses o segredo ( que sinto tão distante de mim e por ti desvendado) de uma vida feliz.




6 comentários:

Liliana Garcia disse...

Por este texto, pela mulher que és, fica com um abraço redondinho aqui da raquel :)

fd disse...

Podes julgar-te distante do segredo, por comparação com tanta força e dificuldades ultrapassadas, mas a influência terá sido transmitida.

Sílvia disse...

Infelizmente já não tenho nenhuma das minhas avós comigo, perdi as duas com menos de um ano de diferença e ainda não consegui superar isso. Não sei se conseguirei. Uma delas criou-me desde sempre, deu-me tudo, e gostava de um dia ser como ela, continua a custar-me ir a casa dela sabendo que já não a encontro lá, sabendo que já não está lá pra me perguntar como estou e se quero alguma coisa. Continuo a ter como grande referência o meu avô, mas agora não me sinto tão completa como antes, foi uma parte de mim que desapareceu...

bjo****

Viviane disse...

raquel: ;)

fd: certamente, muito e muito distante do segredo

Silvia: Existe uma razão por este post se chamar " A outra avó". É porque a outra, a que já muitas vezes dediquei posts e que me criou, tem um lugar infinito na minha alma. E acredita, como conheço o teu sentimento de perda.

Francisco disse...

Eu também tenho uma avó assim. A minha super avó! Compreendo toda a magia em que está envolvida a descrição da tua avó, pois se o amor dela para contigo for idêntico ao da minha avó por mim, e vice-versa, digo-te que é das coisas mais reconfortantes que existem. Além de mágico, claro.

Mysterious Girl disse...

Eu ainda tenho "a" avó, a que me criou, é como se fosse minha 2ª mãe... é qualquer coisa de fascinante como toca o coração todos os ensinamentos, vivências. Faz parte do que sou, e só desejo ser mais de como ela é também. É inexplicável mesmo. E a perda, a perda nem a quero imaginar... gostava só de ter metade da força dela.

Beijinho