sábado, 2 de janeiro de 2010

À próxima roubem-me o telemóvel, sim?


Gosto tanto quando o mundo inteiro acorda com esta irritante vontade de fazer boas acções. Ora bem, lá fui eu para o gym depois de me arrastar (literalmente) da cama apenas motivada pelo enorme peso na consciência ( e nas coxas) que as azevias deixaram. As festas passam, o Papai Noel (Oh,Oh,Oh) volta para a Lapónia mas os grumos da celulite não "abalam" com ele, nem com as renas.

Dito isto, lá fui eu. Entrei sorrateira, perante o olhar trespassador e repreensivo do treinador (não sei se é impressão minha ou ouvi ruminar um "I know what you ate last weekend").
Dirigi-me ao cacifo e...chave? cadeado? A questão é: eu tinha um cadeado e tinha uma chave que não faziam um par. Estão perdidos, na mala, à medida que dou sumiço a cada um deles. Mas não estive de meias modas: deixa-me cá deixar o cadeado semi-aberto. Ninguém nota e se um ladrão passar por aqui não vai, certamente reparar que esta merda não está fechada. E lá fui eu lampeira, para a passadeira. Dez minutos passados e aproxima-se de mim a velhinha que comenta comigo o tempo, as fraldas dos netos enquanto sorrio e coloco disfarçadamente o IPOD da minha irmã nos ouvidos. Já estava eu a agarrar no auscultador quando ouço a seguinte frase:

" Olhe menina, deixou o cadeado aberto ! É preciso ter cuidado! Anda para aí muita malandragem! " E remata com a frase que eu mais temia: "Esteja descansadinha que eu já o fechei".

Estive a pontos de parar subitamente a passadeira da velha para que ela e a sua prótese da anca ficassem esborrachadas na parede. Mas depois ainda se engasgava com a dentadura e além de um problema eram dois.

Esbocei um sorriso amarelo, retirei um ganchinho do cabelo daqueles que o treinador guarda aos molhos e lá fomos nós (eu e o treinador, quais macgyvers) tentar abrir aquilo.

E não, não resultou , foi preciso ir buscar um serrote e um alicate gigante e o senhor da manutenção.

A velhinha nem vê-la. (Se aparecer uma a boiar na hidroginástica, juro que não fui eu).