quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Strike - Enfermagem

Os motivos ninguém os questiona. Estão escarrapachados perante os nossos olhos. Acho que é indiscutível a injustiça que se está a fazer a esta classe profissional. Desejo profundamente que sejam bem sucedidos nas suas reinvindicações.

Dito isto, não posso deixar de me sentir completamente estupefacta com a falta de profissionalismo de alguns membros desta classe nos últimos dias. Antes de mais, é preciso compreender que, para que esta (ou qualquer outra) greve seja eficaz têm de ser atingidos 2 pontos:

1. Lesar de alguma forma o estado ou suas instituições em termos económicos;
2. Contribuir para que o número fornecido pelos sindicatos relativamente à adesão seja o maior possível.

O segundo ponto é fácil, consegue-se pela união e por fornecer os devidos números aos piquetes de greve. O segundo prima pela inteligência de perceber o que prejudica os hospitais EPE (instituições "semi-públicas", como agora são designados). E o que os prejudica é a redução de número de procedimentos electivos, cirurgias de ambulatório, exames complementares de diagnóstico que contribuem fortemente para as suas finanças.

O que eu gostava ( e que me deixou profundamente revoltada hoje) é que percebessem que ver sinais vitais, retirar drenos ou pô-los, fazer colheitas em doentes em choque cardiogénico, reposição hidro-electrolítica e de suporte de aminas a um doente no pós operatório de uma cirurgia cardiotorácica numa unidade de cuidados intensivos, não é, de todo, uma acção que se compadeça com o " estar de greve". Por diferentes razões.
Uma delas, secundária, é porque é indiferente, à Ministra da Saúde, se foram prestados cuidados de higiene ou não, se viram os sinais vitais ou não, se foi corrigida a hipocaliémia grave ou não. Mais que vos diga, acho que ela está-se mesmo a marimbar para isso. A segunda, e a maior, é que médicos, enfermeiros, profissionais de saúde, têm uma obrigação e um dever que é maior que qualquer greve: a de garantir a saúde e o bem estar do doente que a nós confiou o seu corpo, a sua fragilidade e a sua doença.

2 comentários:

Andy disse...

De facto partilho algumas das tuas indignações e ainda juntaria mais umas tantas... nomeadamente colegas cuja maior preocupação é não render outros que não façam greve, marimbando-se para o facto do colega estar lá mais de 24h seguidas, mostrando que estão mais interessados em ficar em casa e prejudicar o próprio colega do que lutar contra as injustiças de que somos alvo!
Há também aqueles que falam falam mas ir à manifestação tá quieto!!
É que à mesma hora há reunião científica co-organizada por um médico do serviço (ao qual agradeço o convite para a mesma e na qual pretendo participar... logo após a manifestação!)e segundo estes caros colegas, que nunca se preocuparam em aumentar a sua formação, pode parecer mal! É que o sr. dr. está-se mesmo a preocupar se nos vamos 2h antes ou 2h depois! acho que nem vai dormir por causa disso lol!
Há também aqueles que acham q a toilette da reunião científica fica mal na manif, os saltos altos não dão jeito, por isso não podem ir!!
É preciso pachorra!!!!!
Desculpa o desabafo mas cheguei há pouco do hospital onde fiz umas horas de greve e nas quais não parei... vim cansada, com a consciência tranquila e indignada com a falta de profissionalismo e companheirismo de alguns colegas...

Lucky13 disse...

Partilho os sentimentos, a indignação e crucifico, tal como a Andy, todos aqueles que fazem greve não pela causa mas pelo horário de compras com que se brindam...É a chamada "a causa pela greve!" quando deveria ser "a greve pela causa!"...
Enfim...neste mundo da Enfermagem há de tudo, infelizmente, e só tenho pena de não sermos tão unidos como outras classes...na minha/nossa impera a política do "primeiro eu, depois eu e no fim eu"!
A única coisa que me faz dormir mais descansado, para além da consciência tranquila, é que um dia esses "colegas" vão ser prejudicados com "F" :)